Logo que acordei, abri o computador e li a notícia. Coloquei-me
no lugar de cada pessoa que perdeu uma pessoa querida e de como a vida delas
nunca mais será a mesma, e como será doloroso seguir em frente, buscar razões
para seguir lutando, mesmo depois que a tragédia for esquecida por toda a
mídia.
Desejo aproveitar esse momento de sensibilidade e lucidez
social, para propor que nos lembremos de cada ser humano que se vai todos os
dias nas filas de hospitais aqui no Brasil, nos conflitos do Oriente Médio ou
mesmo por falta de alimento no continente Africano. São números assustadores,
mas que caíram na normalidade.
Sensibilidade e empatia são as características mais humanas que conhecemos, e até mesmo o instinto de sobrevivência de vários animais propõe o bem estar do grupo.
A morte é natural do ser humano, e desejo a todos uma morte
natural, tranqüila e que sejam sempre lembrados com carinho. A situação é que
todos os dias anonimamente morrem filhos, pais, maridos, esposas, amigos por
falta de cuidado e assistência, por culpa da corrupção ou ainda por atitudes
economicamente interessantes.
Você, leitor, deve estar se perguntando como pode ajudar. Testemunhar
uma realidade injusta e cruel, sem buscar mudanças é apoiá-la. E fingir que não
vê porque não acontece na sua rua é se alienar de maneira egoísta, como o
sistema deseja que aconteça. Mas a boa notícia é que você tem mais poder do que
imagina! Tragédias, infelizmente, sempre acontecerão, mas nós podemos e devemos
exigir por um mundo mais humano, mais fraterno, mais amigo.
O voto é uma das maneiras mais eficazes de promover essas
transformações. Conheça o seu candidato, o que ele realmente propõe, seus
interesses, a filosofia de seu partido e se possível o questione sobre temas
que julgar importantes.
Outra maneira forte de influenciar os investimentos numa
sociedade capitalista é pelo consumo. De que empresas você compra? O que elas
fazem com seu dinheiro? Possuem significativas colaborações sociais e ecológicas?
Há outra no ramo que possui?
Nessa mesma sociedade, as profissões se voltam ao mercado e
não a demanda social. De que maneira você exerce sua profissão? De alguma
maneira colabora com o outro? Já realizou algum tipo de trabalho voluntário? Todas
as áreas da ciência podem colaborar muito para o aperfeiçoamento da qualidade
de vida, como podem também serem usadas para alimentar interesses ($) pessoais
ou promover guerras.
A religião pode nos fazer seres melhores, mas será que tem
feito da maneira como tem sido vivida? A que você é seguidor prega o respeito e
a tolerância acima de uma verdade absoluta inquestionável? Independente de
crença, você tem os valores básicos de humanidade e respeito?
Como é sua vida social? Concordo e assumo que muitas vezes
deixamos de nos doar mais ao outro por timidez ou acomodação. E tudo bem, isso
pode ser trabalhado. Mas a questão fundamental é como você vê o outro? Busca o
entender a partir não só de suas experiências, mas do contexto social que ele
viveu? Busca aprender a conviver com o novo e com o diferente? Permite-se
conhecer pessoas que pensam e agem de maneira não-convencional? Pára por alguns
segundos e realiza gestos de gentileza sem maiores intenções? Você perdoa? Afinal,
estamos todos lutando para sermos melhores a todo tempo, e nos próximos 10
minutos já não seremos mais os mesmos. E é isso que me faz acreditar no ser
humano. É isso que me motiva a escrever esse texto, por exemplo.
Todos os questionamentos propostos não são fáceis de serem
colocados em prática, e nem serão instantâneos, mas pode ter certeza de que quando
há o desejo e a persistência, é possível iniciar com pequenos gestos, grandes transformações.
E que caminhemos sempre rumo ao desenvolvimento humano!